(Calma, eu não errei. Esse texto foi escrito em 2006.
Por mim: Homero Pavan Filho
Jacarezinho, 1990. O Baile do Texas chegava a sua 32.ª edição e seria
realizado pela segunda vez no Ginásio de Esportes. Presidia o CAT à
época Dione Vidal (ex-Gentil), poetisa e empresária que acreditou na
transformação do Baile do Texas, levando-o para o Ginásio. O prefeito
era Adhemar Setti. Sílvio Ferreira presidia a ACIJA , Renato Pacholek
dirigia o SESC e Kiko Setti o Jacarezinho Club. Havia na cidade um
sentimento de frustração por não termos um Evento apropriado para
mostrar as qualidades de nosso comércio, indústria, prestação de
serviços, agropecuária etc. Enfim, faltava alguma coisa.
Todos diziam: "temos que aproveitar esse fluxo de pessoas que todo o
ano prestigia o Baile do Texas e tentar segurar esse pessoal por mais
alguns dias na cidade". Membros do CAT, como Geraldo Silva, Raimundo
Gatzke e outros, sonhavam com a construção de uma cidade texana.
Chegaram até a propor ao prefeito a aquisição de um terreno, próximo
ao Cemitério. Não seria ainda daquela vez. Mas o que fazer então? Como
se sabe, um grande evento não acontece sozinho. É necessária a união
de esforços para atingir o objetivo comum. E alguém ou alguma entidade
teria que aglutinar esses esforços.
Foi aí que entrou a ACIJA, com uma diretoria jovem, participativa e
empreendedora, que resolveu que Jacarezinho teria sua Feira. E não
seria uma feira agropecuária como tantas que existem país afora. Teria
que ser uma feira estilizada, organizada, limpa, cuidada nos mínimos
detalhes. Uma feira diferenciada, "country". Havia, porém, um
problema: a cidade não possuía um local onde pudesse ser feita uma
exposição dessa envergadura. A solução encontrada foi realizá-la na
rua, mais precisamente na Avenida Getúlio Vargas.
Sem saber ao certo qual seria a reação das pessoas, foi feito um
projeto para ocupação de apenas um quarteirão, entre a Telepar e o
Correio, mais um pequeno espaço defronte à Sanepar.
Local resolvido, começaram as dúvidas: estandes de madeira, de fibra,
de plástico, como fazer uma feira? Alguns já conheciam feiras assim,
mas sempre realizadas em locais cobertos e a locação do material era
proibitiva. Juntos com o Pedro Vinha, que na oportunidade assessorava
o prefeito, os organizadores procuraram uma agência de propaganda em
Londrina, a CGD. Surgiu então a idéia dos estandes de madeirite,
cobertos com telhas de fibrocimento. Foi o Pedrinho Scucuglia, da CGD,
quem desenhou o lay-out dos estandes e quem ensinou a turma a tomar o
Jack Daniel's.
Diversas vezes reuniram-se o prefeito, seus secretários, diretores da
Acija, Cat, clubes, até que o Dr. Adhemar resolveu adquirir o material
necessário à construção. O restante ficou por conta dos expositores e
patrocinadores. E a 1.ª Fetexas começou a engatinhar.
Mas uma feira tem que ter atrações musicais caras, certo? Errado. Pela
ótica dos organizadores, quem deveria lucrar com o evento eram os
moradores da cidade. Portanto, contratou-se o conjunto Erupção, do
Edson Abud, que ficou rouco de tanto cantar e tocar. Pessoa de fino
trato, Abud entusiasmou e ficou entusiasmado com o resultado do seu
trabalho, tanto que no ano seguinte foi contratado para tocar no Baile
do Texas.
Para quem não se lembra, nos três primeiros anos a Fetexas não teve
parque de diversões. Sabem por quê? Porque os organizadores não
queriam que um parque levasse o nosso dinheiro daqui para fora. O
dinheiro dos visitantes deveria ser gasto com o comerciante local, e
depositado na Caixa Econômica, Banco do Brasil ou Bamerindus (hoje
HSBC), que sempre davam seu apoio por meio de patrocínios. Eles que
acreditaram no evento, como a Wanise e o Danton, a Ana Lúcia, o Dr.
Xavier, o Raul, da Lupethy, todos associados da Acija, que mantinham
seus estabelecimentos o ano inteiro nos atendendo com carinho e
dedicação. Portanto nada mais justo que esses ficassem com seu
quinhão. A cerveja era a Skol, do Marcolin.
E a Fetexas progrediu. Tanto que já se começava a falar na aquisição
de um terreno para construir um local definitivo, não só para ela, mas
para outras festas que também não possuíam espaço apropriado.
No ano seguinte, 1991, veio a pergunta: uma feira "country" não tem
que ter Rodeio? Tem, sim. Prá isso, foi confeccionada uma arena de
alambrado, o Paulo Netto, então iniciando, conseguiu um som, o Tião
Borba uns animais e a peãozada divertiu a população nos nove dias de
feira. A maior atração da Fetexas sempre foi o povo, alegre e bonito,
que a freqüentou.
E a Fetexas foi progredindo. O Florindo quase se matava de tanto fazer
hot-dogs no estande da AABB. O Marcelo Araújo, com o pula-pula, o
Toninho Elias com seus carrinhos, essas eram as atrações que
satisfaziam a todos. O Rodolfão (Rodolfo Fernandes), veio da
Oktoberfest com a idéia fixa de fazer uma Festa Nacional do Whisky em
Jacarezinho. E lá foi o Walter Martoni tocar a Fenawhisky no salão
paroquial da Catedral.
No terceiro ano, em 1992, surgiu uma novidade: uma equipe profissional
de rodeio procurou a Acija, com arquibancadas, som e toda a
parafernália que envolve a atividade. Mas montar um rodeio na Avenida?
Isso é coisa de maluco... Pode ser, mas o desafio foi encarado e em
frente à Catedral foram erguidas as estruturas, o Marquinhos Pavan
reforçou a rede elétrica, o Tonet cedeu uns caminhões de terra que
foram despejados sobre o asfalto e pronto. Tínhamos o primeiro rodeio
profissional em nossa cidade!
Até que um problema político afastou a diretoria da Acija. Assumiu o
comando Adalberto Cesco, pessoa batalhadora que não deixou a peteca
cair. E mais uma vez a Fetexas brilhou.
Algumas coisas, porém, começaram a mudar. O parque de diversões foi
aumentando e com isso a Avenida foi se tornando pequena. Mas a
população continuava prestigiando, fomentando o comércio, fazendo
Jacarezinho diferente no mês de julho.
Veio então a Tereza Villela assumir a Acija. Estande prá lá, palco prá
cá, parque (aquele danado deu um cano de uns R$ 10 mil na Acija), Copa
do Mundo, Brasil tetra-campeão, Jair Super Cap, definitivamente algo
tinha que ser feito. Reuniões na Acija, Dr. Emmanuel prefeito, "fechar
a entrada da cidade?", disse ele. O novo local seria defronte à
Rodoviária, na Avenida Brasil. Sugestão do Lopes, que na época
trabalhava no Banco do Brasil. Melhorou muito, sem dúvida. Mas ainda
faltava o lugar definitivo. Só quem já trabalhou na organização da
Fetexas sabe o que é montar em 15 dias toda aquela estrutura e
desmontar em uma semana. O Zé Augusto Tobias que o diga (deve ser a
única pessoa que participou de todas as edições da Feira até 2004). É
complicado, acreditem...
E chegou a vez do Alfredo Ayub, que levou a Fetexas para a Estação
Ferroviária. "É na Vila" diziam uns... "É pequeno", diziam outros. No
primeiro ano até a Maria Fumaça veio trazer sua alegria, desde Rio
Negrinho, em Santa Catarina. São 1200 km ida e volta. Mas veio, fez
sucesso, foi prá TV, uma curtição. Méritos do prefeito Marião, que
bancou a despesa, e do João Cowboy, com seu bigode tipo "limpa-trilho"
(acho que é por isso que o João gosta tanto de trem, ele se parece com
uma locomotiva...).
Mas o povo não quer nem saber, quer festa. E tome festa. Baile todo
dia, conjuntos, parque, rodeio, haja grana.
Então o Marião, depois reunir uma porção de gente importante, tomou
uma decisão: adquiriu um grande terreno, de 121 mil m2, para instalar
ali um Centro de Eventos. E não é que teve gente que não gostou?
Diziam que ficava longe... Azar de quem não gostou, fazer o quê? E
ficou decidido, com aprovação unânime da Câmara de Vereadores. A
Fetexas conquistou um lugar definitivo no coração da gente.
Com um terrenão daqueles, o Francis Baccon se animou e organizou um
motocross legal prá moçada.
No ano seguinte, 2000, quando Jacarezinho completava 100 anos de sua
emancipação político-administrativa, foi aberta a Avenida do
Centenário, ligando o Terminal Rodoviário ao Centro de Eventos. De
novidade, a implantação de uma pista quase definitiva de motocross,
onde mais tarde os arrojados motoqueiros fariam malabarismos com seus
cavalos de aço. Na Comissão Organizadora o Lopes, então secretário
geral do Município, trouxe o Juninho Cuiabá, um grande locutor de
Rodeios, que já havia feito sucesso no ano anterior. Cuiabá emprestou
seus conhecimentos e auxiliou na organização do Evento. A Arena de
Rodeios foi construída e teríamos, a partir daí, um local próprio para
a realização das montarias, uma paixão do povo de toda a região do
Norte Pioneiro.
Em 2001, já sob a administração do prefeito Zé Antonio, foi dado mais
um importante passo na consolidação do Centro de Eventos. Capitaneada
pelo Duduzão, pela Prefeitura, e pelo Tobias, então presidente da
Acija, a equipe encarou um grande desafio e criou a Cidade Texana.
Naquele ano Jacarezinho foi uma das poucas cidades do Paraná que
sofreu as conseqüências do apagão elétrico. Isso não foi problema para
a Fetexas, pois o Serafim Meneghel, de Bandeirantes, emprestou um
gerador de energia que auxiliou sobremaneira os trabalhos. Nosso
Centro de Eventos começava a ganhar corpo. A Seara construiu um
aviário, em meio à Fazendinha, mais um projeto inédito que buscava
apresentar ao homem do campo alternativas e tecnologias novas para o
aumento da produtividade e da renda do setor rural. Novamente o
motocross encheu o Centro de Eventos nas tardes de sábado e domingo,
apesar da Confederação de Motociclismo, que queria por todas as
maneiras impedir a realização das provas.
No ano de 2002, o Saloon da Cidade Texana foi ampliado, acomodando com
mais conforto os visitantes. Sanitários também construídos e o local
pôde então ser utilizado na realização de palestras técnicas. Para
isso foi fundamental a participação da SEAB e da Emater. Um grande
encontro de jipeiros foi promovido. O rodeio superou todas as
expectativas, lotando a Arena. Show com Milionário e José Rico, que
apesar de não estarem acompanhados pela Banda, bateu todos os recordes
de público da Fetexas até então. Talvez o show do Banana Split, no
sábado, tenha superado a dupla sertaneja, mas também, pudera, quem
resistiria às curvas provocantes do quinteto?
Outra vez o arrojo do prefeito Zé Antonio estaria presente, desta
feita com a construção de um ampla churrascaria, onde o Nêne, ou Dr.
Antonio Elias, como queiram, inauguraria o Texas Grill. Quem curtiu a
valer a Fetexas 2002 foram os alunos da rede municipal de Ensino. A
Secretaria de Educação, chefiada pela competente professora Sueli,
disponibilizou ônibus e ingressos para a criançada se esbaldar no
Parque de Diversões. O ponto triste daquela edição foi a chuva, que
não deu tréguas no último domingo da Feira. Ela impossibilitou a
realização da grande final do Rodeio. A solução encontrada pela
Organização foi a divisão dos prêmios entre os peões classificados. E
todos saíram felizes pela acolhida que tiveram em nossa cidade.
A equipe encarregada da organização da 14.ª Fetexas em 2003 teve a
participação da Mara Mello, Zé Carlos Molini, entre outras pessoas que
procuraram sempre dedicar seu tempo a fazer algo mais pela cidade.
Foram pessoas do mais alto gabarito e espírito público, que como
sempre vem ocorrendo, dedicaram-se com afinco para fazer a melhor
festa de todos os tempos.
2004 foi o ano quem que foram iniciadas as obras de construção do
pavilhão do Centro de Eventos, onde seria realizado o Baile do Texas a
partir de 2005. A obra não foi concluída, mas foi retomada na atual
gestão, liderada pela prefeita Tina Toneti.
A empresária Mara Mello de Moraes, presidente da Acija, e Jair Barreto
Filho, mais conhecido por Jair Supercap, proprietário e cantor da
Banda que leva seu nome, foram os contratantes dos shows naquele ano.
Também foi firmada uma parceria com a Jovem Pan Jacarezinho, do
empresário Éric Saliba, viabilizando as apresentações do grupo de
pagode Katinguelê; dos sertanejos Wilson e Soraya Di Paula; Rock, com
Raimundos e O Surto; Reggae, ao estilo do Planta & Raiz, entre outras
atrações.
Outra novidade naquela edição da Fetexas foi a realização do I.º Moto
Texas, um passeio de motocicleta aberto ao público, realizado em
parceria entre a Acija, Mura Motos e Sesc.
No ano passado, 2005, Tina Toneti decidiu mudar o rumo da prosa. Em
vez dos 10 dias tradicionais, a jovem prefeita decidiu encurtar a
duração do Evento, de forma a investir mais pesado em atrações
musicais. Alterava-se ali o espírito caseiro da Fetexas. Assim vieram
a Jacarezinho o cantor Guilherme & Santiago, Latino banda Rastapé e
Axé Blond. Também foi realizado o primeiro leilão de gado de corte e
leite, apoiado pela Sociedade Rural do Norte Pioneiro e Sindicato
Rural de Jacarezinho. Um mega palco foi contratado, com estrutura toda
coberta, melhorando sensivelmente o conforto dos milhares de
espectadores que estiveram presentes.
Este ano a ênfase está sendo direcionada às obras de conclusão do
pavilhão do Centro de Eventos, onde estão sendo investidos cerca de R$
240 mil para a colocação de piso, iluminação e sanitários. Também foi
anunciada a liberação de R$ 500 mil para a cobertura da arena de
rodeios. Havia sido anunciada a redução dos recursos, mas isso não
ocorreu. A expectativa é que quando a Fetexas completar maioridade os
aficcionados já possam assistir às montarias confortavelmente
protegidos pela nova estrutura a ser edficada. Outra proposta de
mudança diz respeito aos objetivos, de transformar a Fetexas em uma
feira de negócios, agropecuária, com o fomento do comércio local e
também do turismo. São metas ambiciosas e que geram expectativas
positivas por parte da população local. O jacarezinhense se orgulha de
suas tradições e está sempre pronto a encarar novos desafios.
É importante lembrar que, para alcançar o estágio atual de sucesso da
Fetexas, foi necessária a participação das empresas, quer seja do
comércio, indústria, ou prestadores de serviços. Os empresários sempre
estivaram presentes com seus estandes, patrocinando a divulgação,
enfim, colaborando para que a Fetexas se consolidasse cada vez mais
como o grande evento de nossa região. E fundamental também tem sido a
participação da prefeitura, emprestada desde os tempos do Dr. Adhemar
Setti, passando pelo Dr. Emmanuel, Marião, Zé Antonio e, agora, Tina
Toneti. Nada do que existe hoje seria possível se fazer em apenas uma
edição da Festa. A cada ano foi sendo assentada uma pedra em seus
alicerces, e o mérito de todos deve ser reverenciado.
A todos que contribuíram desde 1990 para a realização da Fetexas, com
seu empenho e dedicação, rendemos nossa homenagem. Ao cidadão, que
está valorizando e prestigiando o que a cidade tem de melhor, ficam os
nossos parabéns.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
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Parabéns muito bom o texto, Jacarezinho precisa de gente assim, bairrista que gosta e mantem nossa história e acredita em melhorias sempre, não devemos ficar admirando os feitos dos outros mais sim os nossos... Parabéns!
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